Quem já sentiu, sabe. O ciúme é como uma faca afiada que rasga o coração em tiras, cega os olhos com sua luz verde, destrói qualquer sinal de bom senso e provoca um desejo incontrolável de cometer um homicídio, de preferência duplo. Nossa, que tragédia! Até parece letra de tango!
A verdade é que o ciúme é um sentimento tão presente em nossas vidas, que já foi cantado em prosa, verso e todos os ritmos musicais, do tango ao pagode, passando pelo rock, funk, bossa nova e bolero. Isso sem falar nos românticos e sertanejos, que cantam o ciúme com toda a sua mágoa e lágrimas abundantes. Ao longo da história da humanidade, o ciúme já foi objeto de reflexão para vários filósofos e pensadores e foi tema bastante explorado em óperas e peças teatrais, algumas clássicas como “Otelo e Desdêmona”.
O ciúme faz lembrar dor e nos remete à tragédia e ao sofrimento intensos, além de nos deixar cegos de raiva, por isso se diz que ele é um monstrinho dos olhos verdes. Ui! Melhor é não sentir, não acham?
Por que as pessoas sentem ciúme? O que leva alguém a ter um sentimento tão forte e autodestrutivo? A raiz dessa emoção está na insegurança e falta de autoconfiança, que fatalmente levam a um rebaixamento da auto-estima. Para o ciumento o ser amado é um deus, todas as pessoas irão cobiçá-lo, e o que é pior, ele irá ceder, como um deus condescendente que é. O ciumento não pensa com racionalidade. Suas fantasias sempre são de menos valia, e fruto de sua baixa estima.
A única forma de não cair nessa armadilha dos nossos próprios sentimentos, tão perigosa que pode até destruir uma boa relação, é resgatar e fortalecer o amor por si próprio. O ciumento precisa fazer uma profunda reflexão a respeito do que sente por si e pelo parceiro, colocando cada coisa em seu devido lugar. Em uma relação amorosa, estão envolvidas duas pessoas e uma não pode ser mais valorizada que a outra. Se um pouco de ciúme representa carinho e cuidado com a pessoa amada, o seu excesso já configura um comportamento obsessivo e doentio. Só aprendendo a gostar mais de si mesmo, é que o ciumento deixará de ser ciumento e poderá curtir as delícias de amar e ser amado, mandando o monstrinho verde para bem longe do seu amor.