O mês de maio
é para mim um dos mais lindos do ano. É um mês em que as plantas se renovam, se
enfeitam de outono, mês de mudanças, de limpeza, de aconchego e paz. Penso
nesse mês como um tempo em que a natureza se transforma para o repouso do
inverno, jogando fora o que já não mais serve, e preparando-se para a renovação
colorida que virá com a chegada da próxima primavera. Além disso, foi nesse mês
que recebi de Deus o privilégio de ser mãe. Foi em maio, com a diferença de 4
anos e alguns dias, que nasceram minhas duas filhas, Renata e Luiza, a quem
chamo Presentes de Deus. Talvez por isso eu o sinta como o mês da comemoração
ao amor. Começa já no primeiro dia comemorando o amor ao trabalho. Segue seus
dias consagrando o amor entre duas pessoas, pois ainda é tradicionalmente
considerado como o mês dos noivos. Além disso, foi instituída nesse mês a
homenagem ao amor maior, o amor maternal. E falando em mãe, o dia das mães está
chegando e esses dias eu me lembrei daquela música antiga, que dizia: “ Ela é a
dona de tudo... ela é a rainha do lar... Ela vale mais para mim... que o céu,
que a terra, que o mar...” Se existe
alguma música que seja a cara da minha mãe, é essa. Como esquecer antigos Dias
das mães ao recordar a imagem de 6 crianças ( eu e meus 5 irmãos ) postadas ao
pé da cama de meus pais em manhãs de maio? Cada um trazia nas mãos um
presentinho, lembranças simples preparadas em casa ou na Escola, e cantávamos
em coro invariavelmente essa mesma música, que fazia mamãe chorar e se
emocionar sentada na cama ao lado de meu pai. Minha mãe... Eu poderia dizer sem
medo de cair no lugar comum, mas já caindo, que ela é a melhor mãe do mundo. Se
existe alguém que nasceu para ser mãe, esse alguém se chama Eurídice, a minha
mãe. Não só mãe de seus 6 filhos, mas o grande exemplo de figura maternal para
meu pai, as suas irmãs, os cunhados, os genros, as noras, os amigos e amigas
dos filhos, os sobrinhos, os netos, os namorados e namoradas dos netos, os
amigos e amigas dos netos, os velhos e novos conhecidos, cachorros, gatos, e
quem mais chegar. Minha mãe tem um coração do tamanho do mundo, e embora tente
disfarçar, consegue distribuir equitativamente seu amor maternal a quem ela
ache que mais precisa. Filha mais nova de uma família de 5 mulheres muito
bonitas, todas com a letra O: Otília, Odete, Odésia, Olésia e ela, que graças a
um “erro “ do escrivão, foi Eurídice e não Orides, como o pai, o Vovô João,
queria ( Uma das irmãs, Odésia, morreu
aos 18 anos). Perdeu também minha avó Maria Elisa aos 14 anos, mas conservou
dela, a quem não conheci, a imagem de
uma mulher doce, linda e bondosa, que passou para nós através de seus relatos.
Acabou de ser criada pela irmã mais velha e pelo cunhado, que mais tarde se
tornaram meus padrinhos. Minha mãe sempre foi muito linda. Nós filhos sempre
nos orgulhamos por saber que ela foi uma das primeiras Misses de Uberaba (
Naquele tempo o concurso se chamava “ Rainha da Primavera” ) Foi uma das mulheres mais bonitas de sua
época, como atestam as revistas e as fotos antigas guardadas em suas gavetas de
lembranças . Mas ela não parecia ligar muito para isso. Dava mais valor à sabedoria e aos valores
internos. Mesmo não tendo a oportunidade de completar seus estudos, sempre leu
muito e procurou manter-se informada e culta. Trabalhou desde os 15 anos até os
25, quando se casou, depois de um namoro de muitos anos com meu pai.
Adorava trabalhar e ser independente,
mas naquela época isso não era tão usual, e a partir do casamento ela se
dedicou a ser esposa e mãe em tempo integral. Como ela mesma conta, por ter
precisado trabalhar para se sustentar desde muito nova, e por morar com a minha
tia Otília que tudo fazia em casa, quando se casou não sabia nem coar um café.
Mas venceu essa dificuldade e aprendeu, para tornar-se depois exímia
cozinheira, com o objetivo de agradar ao marido e deixar felizes e saudáveis os
seus seis filhos, e mais tarde os netos. Talvez não tenha nascido para os
serviços da casa e da cozinha, mas sempre fez isso com tanto amor, que parece
que não nasceu para outra coisa. Dedicou sua vida a ser mãe. Ela sempre diz:
“Não aprendi a fazer muito carinho, demonstro meu amor fazendo na cozinha
coisas gostosas que sei que irão agradar a todos”. Meu pai, Fauzi, que também
morreu cedo, a chamava de “santa”. Ela dizia: “Não sou santa, tenho muitos
defeitos”. Não era santa. Mas dentro das limitações impostas ao sexo feminino
em sua época demonstrou ser sempre a melhor companheira, a melhor e a mais
dedicada mãe. Uma mulher forte e batalhadora, que tudo fez junto com meu pai e
depois de sua partida para educar os
filhos, para que todos pudessem completar seus estudos e se tornarem pessoas de
bem. Quando meu pai faleceu, além dos serviços domésticos, voltou a trabalhar,
vendendo jóias até que os mais novos se formassem. E trabalha até hoje, em
casa, cheia de vida e de saúde, um exemplo para os filhos e netos, cuidando da
casa e fazendo na cozinha aquelas comidas e doces gostosos, o seu jeito de dar
carinho, como ela mesma diz. Com ela aprendi a ter fé e a ser sensível, e ao
mesmo tempo forte, persistente, corajosa, dócil, maternal. Com ela aprendi (ainda
estou aprendendo) que muitas vezes é melhor o silêncio do que o revide, para
que se mantenha a harmonia. Minha mãe nunca precisou bater ou brigar com os
filhos para educá-los. Ela sempre nos ensinou com o seu exemplo, com suas
atitudes. Essa é verdadeiramente a melhor forma de educar. Esse é o grande
modelo de mãe e agradeço a Deus por ser filha dela. Ela é a figura de mulher a
quem dedico o carinho pelo Dia das Mães, estendendo a homenagem a todas as mães
do mundo Essa é minha mãe, Eurídice, com
quem tudo aprendi e de quem tenho muito orgulho! Feliz Dia das Mães!
Márcia Palis 10/05/2013