Perdoar... Esquecer as ofensas e mágoas. Desculpar alguém que nos feriu ou causou mal. O perdão pode parecer para a maioria das pessoas um assunto a ser tratado apenas pelas religiões e não pela ciência. Entretanto, pesquisas médicas, estudos dentro de todas as linhas de conhecimento psicológico, e recentes pesquisas científicas sobre o comportamento e o potencial humano dentro da Psicologia positiva, revelam o contrário. A atitude de perdoar é um poderoso instrumento de cura e prevenção a diversas doenças, tanto as emocionais, como por exemplo ansiedade e depressão, quanto as psicossomáticas, isto é, aquelas doenças físicas desencadeadas por distúrbios emocionais, como por exemplo enxaquecas, gastrites, e diversas outras bem mais graves, inclusive doenças do coração e vários tipos de câncer. Sabe-se hoje em dia que um grande número de doenças são causadas por atitudes mentais inadequadas e profundos padrões de ressentimentos. Estes podem levar a estados de tensão, que por sua vez levarão a desgaste emocionais, que levam a um desequilíbrio físico e funcional do organismo, que mais tarde responderá com o adoecimento . Há um novo conceito em saúde, em que não só os aspectos biológicos são considerados, mas também o bem-estar físico, mental e social. A psicologia da saúde sugere que o ser humano deve ser visto como um sistema complexo e que a doença é causada por um grande número de fatores e não por um apenas. O indivíduo não é mais compreendido como uma vítima passiva e o reconhecimento de comportamentos prejudiciais, o torna um agente responsável pelo seu processo de saúde e de adoecimento. Tomar conhecimento sobre a responsabilidade de nossos pensamentos e principalmente de nossos sentimentos sobre nossa saúde e nossas doenças, a princípio parece assustador, pois existem ocasiões em que os problemas nos parecem tantos que não conseguimos manter um controle emocional adequado e sentimos nossas mentes e corpos em desequilíbrio. A boa notícia é que os corpos e mentes reagem com muito mais facilidade às atitudes positivas, e podemos lançar mão delas em todas as ocasiões de nossas vidas, aprendendo a cultivar comportamentos e sentimentos que atuam como preventivos à nossa saúde mental e física. Uma dessas atitudes que colabora maravilhosamente para a harmonia de nosso sistema psicofísico é a atitude do perdão. Perdoar parece não ser fácil no primeiro momento em que se reflete sobre o assunto, pois vivemos em uma cultura em que são cultivadas as atitudes de retaliação, e parece humilhante tomarmos uma atitude contrária. Compreendemos bem demais nossa própria dor. E é muito difícil compreender, que eles, os que nos magoaram ou ainda magoam, também estão sofrendo dor. Precisamos entender que eles estavam ou estão fazendo o melhor que podiam e podem, com a compreensão, a consciência e o conhecimento que tinham ou ainda têm. Talvez não saibamos como perdoar ou talvez não queiramos perdoar. Mas o simples fato de estarmos dispostos a perdoar já dá início a um processo de cura e também de prevenção. Nós devemos aprender a exercitar o perdão. E podemos começar com um exercício simples, pensando da seguinte forma sobre a pessoa a quem devemos perdoar: “Eu o perdôo por você não ser como eu queria que fosse. Eu o perdôo e deixo você ir” Essa simples forma de pensar, refletida e repetida várias vezes, já nos induz a nos libertarmos também dos ressentimentos que o comportamento dessa pessoa nos causou. Como o próprio nome diz, ressentimento é re-sentir, sentir de novo, nos magoarmos uma e um milhão de vezes com a mesma situação evocada por nossas próprias lembranças. Aprendermos a nos libertar do ressentimento é um grande alívio para todos nós, além de nos trazer o benefício da saúde. Há ainda um tipo de perdão que também é muito difícil de exercitar: O autoperdão. Para muitas pessoas é o mais difícil, pois foram criadas com grandes padrões de auto-exigência e sentem muita culpa por terem determinados comportamentos. A culpa não ajuda ninguém, ao contrário, pode nos causar grandes males. Temos que aprender a nos aceitarmos e nos aprovarmos exatamente como somos. Temos que nos perdoarmos por nossas falhas, pois nãos somos perfeitos, e procurarmos corrigi-las, não para agradar a ninguém, mas para o nosso próprio crescimento. E temos que aprender a nos amarmos, criando para nós um espaço de confiança, merecimento e aceitação, que resultará na organização de nossas mentes, de nossos corpos e de nosso equilíbrio físico e emocional. E termino essa reflexão com a frase que ouvi de uma grande amiga: “Perdoar não é esquecer... Isso é amnésia. Perdoar é se lembrar sem se ferir e sem sofrer... Isso é cura.