A maternidade é sem dúvida um dos eventos mais realizadores na vida de uma mulher. Ser mãe sempre foi e ainda é sonho e projeto de vida da maioria das mulheres. Poder gerar e trazer ao mundo um novo ser pode modificar por inteiro o foco e a rotina de vida da mulher e até mesmo torná-la uma pessoa diferente, e só mesmo quem já passou por essa experiência sabe avaliar o impacto desse acontecimento.
Durante a gestação já ocorrem modificações biológicas que influenciam na psique feminina, predispondo as mulheres a se sentirem mais maternais e menos fêmeas. Além disso, fatores culturais e tradicionais também contribuem para uma mudança emocional, que pode até influenciar na sexualidade, na visão de si mesmas, no trabalho e nos outros relacionamentos. Essa transformação, que acontece por um instinto de sobrevivência da raça humana, é necessária, pois ao nascer o bebê é frágil e dependente, necessitando da atenção e cuidados maternos quase em tempo integral.
Esse período de dedicação total deve ser curto, apenas algum tempo da gestação e o tempo de adaptação do pequeno ser à vida, entretanto algumas mulheres demonstram dificuldades para fazer a divisão entre o papel da mãe e o da mulher após o nascimento de um filho. Para elas, a maternidade torna-se o fato mais importante da vida, e deixam de lado os cuidados com o corpo, com a beleza e a sensualidade e até com a carreira profissional. Muitas vezes colocam a sexualidade em segundo plano, e quando são mães casadas ou em um relacionamento amoroso, essa atitude poderá gerar problemas para esse relacionamento. Quando o pai é presente e compreensivo, será interessante que ele compreenda e participe desse momento, renunciando a algumas coisas para que todos possam ficar em harmonia, mas se a mãe demora muito a fazer essa passagem, é claro que começarão os desconfortos e algumas crises na relação.
Por outro lado sabemos que nos tempos de hoje, existem mulheres que passam por essa fase sozinhas, ou por livre escolha de serem mães independentes, ou por separação, e essas também podem, por um processo de defesa emocional, se enclausurarem mais ainda no papel de mamães, esquecendo-se das mulheres que são e que já eram antes da criança nascer. Nos dois casos e em quaisquer circunstâncias, é importante não perder o foco e não parar de se ver como mulher, pois os filhos, à medida que crescem vão ficando a cada dia mais independentes e o espaço que eles irão deixar, pode gerar um vazio na vida dessas mães. Alguns filhos, ao contrário, estabelecem uma relação de dependência, alimentada pelo próprio comportamento da mãe, e se em determinado momento de vida, ela resolve se abrir para um novo relacionamento, podem ter dificuldades para se adaptar a essa situação.
Embora a maternidade realmente exija muito da mulher e traga alegrias que são únicas, esta não deve ser um pretexto para que ela se esqueça de si mesma. Por isso, é importante que a mãe nunca deixe de se enxergar como mulher e como pessoa, investindo em si mesma, profissional e pessoalmente, cuidando-se e cuidando de seu relacionamento, motivando o pai para que ele participe como pai e valorizando o seu amor, que também foi o fato gerador da vida daquela criança.
É necessário que toda mulher possa compreender que ser uma boa mãe é algo que pode conviver harmoniosamente com fato dela querer ser mulher, ser profissional, cuidar de si e ter relacionamentos amorosos saudáveis. Assim, sabendo dividir os papéis de mulher e mãe, não correrá o risco de futuramente sofrer com a queda da autoestima e poderá manter-se atraente aos olhos dos outros e aos seus. Sentir-se bem consigo mesma, se permitir ser mãe e mulher, só trará reflexos positivos para si, para a relação com os filhos e com todos à sua volta.
Márcia Palis
11/05/2012